quarta-feira, 4 de abril de 2018

Pirataria - O Jeitinho de Quem Tinha Pouca Grana

Fala Galera!

Acredito que todos saibam que o hobby de ser Gamer, independente de ser apenas jogador, ou um colecionador voraz por determinada produtora (ou todas), não é uma brincadeira barata.
Sendo bem realista, desde a década de 80, quando os videogames invadiram as terras tupiniquins, os consoles e cartuchos (sendo substituídas por CDs, DVDs...), sempre custaram um bom dinheiro.
Não eram todas as famílias que tinham condição de ter e comprar as maravilhas eletrônicas.


O termo "gamer" e suas gírias não são tão antigas quanto todos pensam.
Eram apenas "videogame", "cartucho", "controle (nem era chamado de joystick na época)", e alguns nomes de jogos.
Já logo nesse início, com o Atari, me lembro dos cartuchos originais, com aquelas bordas prateadas, os "labels" lindos, com artes que se tornaram fenômenos Pop anos depois. E me lembro bem dos cartuchos de "chavinha", como eram chamados por aqui.


Esses cartuchos eram e não eram piratas.
Não tinham labels, apenas os nomes dos jogos, escritos em branco, com os rótulos negros.
O máximo que vi nesses cartuchos foram 6 jogos. E precisava de uma desenvoltura fora do normal (porra, eu tinha 6 anos!) pra acertar o game que você queria jogar. Então já deixava no jeito, pra não precisar procurar de novo.


Na época no Master System, ficava mesmo na locadora, e esperava um cartucho de presente de Natal.
Fui conhecer a pirataria de jogos mesmo quando eu adquiri o SNES. Foi um tempo que os games eram vendidos em dólar!
Então, meus pais trabalhavam, e eu já tinha ideia que comprar em moeda estrangeira os jogos não era muito acessível...
Não me recordo bem quem me falou, mas disse "cara, naqueles camelôs do centro, procurando bem, você encontra cartuchos muito baratinhos!!".
Eu tinha por volta de 14 anos, e já fazia uns bicos, pra comprar revistas de game, gibis e tal, então juntei grana por um tempinho, até moedas, e fui conferir. E encontrei. O primeiro cartucho pirata que comprei foi Fatal Fury Special. Paguei R$ 20,00 (lembrando que na década de 90, esse valor não é igual hoje...).

Não parei por aí. Comprei Art of Fighting 2, Samurai Shodown...
Não era certo, mas já disse anteriormente aqui: "atire a primeira pedra quem nunca comprou um game pirata".

Esses "multi-jogos" fizeram um sucesso enorme aqui na cidade!


Com o surgimento do PS 1 e PS 2, a pirataria fincou sua bandeira no mundo gamer.
Com umas promoções bem doidas, tipo, 4 games por 10 Reais, não tinha como resistir. O PS 1 rodava games de boa. Já o PS 2 passava por um processo de "desbloqueio", primeiro com o chip Thunder, depois com o polivalente e amigo Matrix.
Pessoal comprava games que nem conhecia (eu me incluo nessa), de tão barato que era.


Infelizmente, em cerca de 5 anos dentro desse período, as locadoras fecharam as portas.
Não só devido à pirataria de games, mas de filmes também.
Até a era dos 16 bits, elas aguentaram bravamente.
Mas depois disso, não tinha mais como segurar.
Com o preço de duas locações, você comprava 5 filmes ou 4 jogos. Foi desleal.

Não vou dizer que foi "a evolução natural das coisas". Envolve muitas coisas, desde impostos na compra de games originais, falta de grana de grande parte da população. Foi na verdade uma mistura de crise com "evolução forçada" de todos esses elementos.

Foi triste. De fato.
Mas não venha nenhum "santo" aqui dizer que não participou disso!

domingo, 1 de abril de 2018

Uma Reflexão Sobre os "Contras"

Fala galera!

Hoje aqui em Campinas, ainda mais agora à noite, está bem chuvoso.
O que une o útil ao agradável: estou de folga, as tarefas da casa estão em dia, então posso jogar à vontade.
Me sentei em frente à TV, ritual que faço desde criancinha.
Liguei o console e me deixei levar.
Após algumas horas, me peguei pensando na evolução da tecnologia.


Peguei gosto por jogar online Ultra Street Fighter IV.
Longe de ser um profissional, ainda estou adquirindo as técnicas.
E no "contra" online é complicado, pelo menos pra mim, porque comecei a pouco tempo.

Na opção Arcade Mode, você pode liberar que desafiem você no modo online.
Algo parecido com os "contras" do arcade, quase 20 anos atrás.
Mas com certas peculiaridades...

Então, a partir deste ponto, vou escrever as diferenças entre o "contra" do arcade e essa nova modalidade de peleja 1 x 1:

- Não era todo mundo que queria jogar contra você no arcade. Alguns observavam, outros esperavam aquele momento de coragem, e outros só esperavam a vez de batalhar.
Já no modo online, praticamente todos estão à espera de batalhar. O lado positivo é que você realmente pode ou não aceitar a batalha, o que é legal, já que depende de um motivo em especial: a conexão. Se estiver ruim, a lentidão toma conta da luta, e os comandos não ficam de acordo com o necessário.


- Do mesmo modo que acontecia no arcade, você precisava saber jogar, no mínimo o básico, pra não passar vergonha. Sempre buscando saber mais táticas, manhas e por aí vai. E claro, a malícia adquirida ao longo de várias fichas.
Já no mundo online, e com a evolução natural dos games, esse "saber jogar, no mínimo o básico", não ajuda muito. De verdade. As táticas, manhas, combos, etc., mudaram para um nível assustador. Então, o Pratice Mode é de importância vital para não ser "moído" nos contras.

- Falei sobre "malícia" logo acima. Aqui, no "contra" online, a "malícia" do jogo ombro-a-ombro foi esquecida. Totalmente. Ela foi substituída por mensagens ofensivas, você ganhando ou perdendo, corre o risco de receber alguma dessas mensagens.
Recebi poucas me xingando. Até agora, recebi mais mensagens amistosas como "bom jogo", "luta equilibrada", coisas bem bacanas.

Aqui, entra algo que já citei em um post anterior. "Os contras no fliperama ajudavam a moldar seu caráter". Como as casas de fliperama, pelo menos aqui na cidade, tinham a galera do bem e a "galera sinistra", eu não consigo imaginar esses caras que xingam por mensagem, falando isso na cara do maluco mal encarado ao lado dele. Talvez nem jogando contra.

Juri Han: minha nova personagem favorita!

No USF IV, escolhi jogar com a Juri Han.
Resolvi fugir daquele padrão de escolher Ryu, Ken, Akuma e personagens "radugueiros". Respeito quem joga com eles, ou com qualquer um, mas resolvi tentar uma coisa nova. Como aquele ditado "truques novos pra um cachorro velho"...
E me sinto bem por ainda conseguir trocar belas porradas no mundo virtual. Não parar no tempo. Fico feliz por continuar acompanhando a evolução dos games, entre eles uma das minhas séries favoritas, Street Fighter.

Entre elogios e xingos (mais elogios, ainda bem...), continuo trilhando aquele caminho que escolhi muitos anos atrás.
Não de ser o melhor jogador do mundo.
Mas de não me deixar parar no tempo.
Afinal, é isso que um retrogamer quer, não é?

quinta-feira, 1 de março de 2018

RPGs: Favoritos Por Décadas

Fala galera!

Jogar games é uma arte. Independente se você é muito bom em jogos de luta, aventura, futebol...
Mas RPGs são uma experiência à parte.
A devoção e insistência em zerar um game desse gênero não tem como ser explicada por um simples post. 
Não me recordo a data exata quando joguei pela primeira vez um game desses. Foi logo no comecinho dos anos 90, com o lendário Phantasy Star, no Master System.
O meu primeiro contato com Alis Landale se deu em um cartucho em inglês. E claro, como eu era muito novo, não pude aproveitar como se deve a história, e devo admitir que consegui chegar ao fim do jogo muitos anos depois, assim que aprendi melhor o idioma do cartucho (tanto games quanto o Rock me levaram naturalmente a aprender outro idioma).



Nessa caminhada de gamer, me deparo com o irresistível Chrono Trigger, já no SNES. O game era impossível de parar de jogar, mesmo com um dicionário no colo. Akira Toriyama deixou tudo mais atraente, como já estávamos familiarizados com sua obra prima, Dragon Ball.
Aconteceu igual a Phantasy Star, zerei o game tempos depois. Mas nesse caso, entendendo melhor a história (não 100%), mas nenhum amigo tinha esse game na época. Então, a locação desse jogo era concorrida, pra ver quem chegava ao final primeiro.



Depois de alguns anos afastado do gênero, um amigo me apresentou um game chamado Final Fantasy VII. Esse amigo já tinha um PS 1 (amigo esse por sinal, citado AQUI), e me mostrou o game. Foi um dos games mais bonitos que já tinha visto até o momento, e tinha 3 CDs. O uso do Memory Card era imprescindível!



FF VII tinha um enredo envolvente, e uma trilha sonora primorosa. As aventuras de Cloud Strife reascenderam a minha vontade de jogar RPGs. Acredito que foi nesse período, que comecei a reparar mais nas trilhas dos games, e rever todas as músicas de games que já tinha jogado. Uma coisa leva a outra...

Pouco tempo depois, Final Fantasy VIII chegou, trazendo seus 4 CDs e uma nova aventura. Não sei porque, mas esse FF não me chamou tanto a atenção. Gráficos, trilha e histórias muito boas, mas não tive aquela vontade de jogar, igual FF VII. Depois disso, passei um bom tempo sem voltar aos RPGs. Não sei porque, mas me afastei desse gênero, e achei que não ia mais encontrar um game que me agradasse.

Já em posse de um PS 2, um bom tempo depois, encontrei um game em uma banca de jornais próxima de casa. Vou fazer um adendo aqui: em Campinas, o PS 2 fez um sucesso estrondoso. Consoles desbloqueados com o chip Matrix, e promoções de games piratas, 3 unidades por R$ 10,00, fizeram a alegria dos gamers com pouca verba (atire a primeira pedra quem nunca comprou game pirata).

"- Shin Megami Tensei... Persona 3 FES..." - li na banca com o game na mão.
Lembrei que havia realmente um título desses para SNES, Shin Megami Tensei, mas em japonês. Por isso não havia jogado. Vi na capa que o game era em inglês, menos mal.
Comprei e levei pra casa.
Não joguei de imediato, e passou-se mais um tempo.
Sabe quando você procura algum game aleatório pra jogar? Tipo "deixa eu ver o que tenho aqui pra passar o tempo...". Peguei o Persona 3 FES, sem muito entusiasmo.



Após a animação inicial, comecei a jogar sem grandes expectativas.
A história foi passando, o esquema de batalha por turnos... quando me dei conta, já haviam se passado mais de 3 horas que eu estava jogando, e nem me dei conta.
Aquele tipo de imersão que eu não sentia a tempos voltou. Fiquei muito animado!
Chegava do trabalho, descansava um pouco e já partia pra jogatina.
A história se desenrolava tão bem, o sistema de desenvolver atributos, os "social links", as batalhas...
Aquilo me deixou empolgado de novo, e sabendo melhor o inglês, aproveitei cada momento do jogo.
Chamavam aquilo de "RPG Hardcore", pois haviam tantos detalhes e coisas a se fazer, que mais pareciam um martírio do que diversão. E foi exatamente isso que me prendeu a atenção.

Eu havia me casado a pouco tempo, e minha esposa nunca se incomodou de eu jogar (até hoje não se incomoda).
"- Esse jogo tem uma trilha muito boa, não é enjoativa..." - disse minha esposa, que me acompanhou ao longo de mais de 97 horas de game.
Após conhecer o Persona 3 FES, fui em busca de outros games da série Shin Megami Tensei.
Encontrei Nocturne, Digital Devil Saga e Devil Summoner, tão bons quanto Persona 3 FES.
As histórias envolventes faziam a diferença.
Pesquisei e descobri que o Persona 3 FES era uma expansão do Persona 3, que também joguei.
Fui atrás dos games anteriores, encontrei o Persona 2: Eternal Punishment, para PS 1.



Após ter zerado esses games (que são muitas, muitas horas de jogo) encontrei o Persona 4, mas era em japonês. E esse tipo de game, você precisa aproveitar a história, foi o que aprendi após anos de jogatina. Após muita procura, encontrei a versão em inglês. E claro, zerei com empolgação. Esse tipo de game se tornou um dos meus favoritos, e a Atlus fez um trabalho primoroso em todos.



Já com o Persona 4 Arena, para PS 3, a Atlus juntou dois gêneros que eu gosto: os personagens do RPG trocando umas porradas. O game foi produzido em parceria com a Arc System Works, famosa devido ao fighting game Guilty Gear, que não utilizou os gráficos poligonais, mas sim estilizados.



Acompanhei entre 2016 e 2017 o lançamento de Persona 5.
Assim que lançado, ganhei de presente da minha esposa. Mesmo sabendo que acordaria cedo pra trabalhar no dia seguinte, não me contentei em ver só a abertura. Joguei por horas.
A imersão é garantida. O game reunia o que melhor tinha nos Personas 3 e 4, com alguns detalhes de games anteriores.
Demorei mais de 130 horas para conseguir o devido final. Existe um New Game Plus, que te ajuda a conseguir os troféus que você não consegue ganhar em sua primeira jogatina.
E entre todos os games, o Persona 5 tem a trilha sonora que mais se destaca. Com músicas instrumentais e algumas cantadas, se encaixam perfeitamente em todo o decorrer do jogo.



Acho que a série Shin Megami Tensei, e os Persona, em particular, recuperaram minha admiração e vontade de jogar RPGs novamente. Curto tanto, que tenho duas tatuagens relacionadas a série. Nada mais justo, pois esses games me acompanham a muito tempo, e resolvi marcar e levar comigo.

Dentre tantos gêneros que acompanho, e que gosto, o RPG merece um lugar de destaque, junto com os games de luta. Atravessaram décadas comigo, vários consoles e continuam sempre me surpreendendo.
Como disse no início: jogar videogame é uma arte.
Mas jogar games de RPG é uma experiência a parte.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

CAPCOM VS. SNK - "Acho que dá pra Encarar!"

Fala galera!

Independente de qual console, geração e gírias utilizadas, todos tem seu game favorito (ou uma lista limitada) ou seu gênero preferido. Cada época um game de determinado gênero me chamava a atenção, e isso fazia com que eu procurasse mais jogos dessa mesma linha.

Aprendi a curtir certos games depois de uma certa idade, como RPGs por exemplo, depois de aprender outro idioma (que aliás, os próprios games me impulsionaram, junto com o Rock), mas foi com os games de luta que me incentivaram mais na febre dos games.

O primeiro contato com os fighting games, foi quando meu irmão me levou em um boteco que tinha o lendário Pit Fighter. Achei aquilo o máximo! Eu era pivetinho de tudo, e vivia assistindo aqueles filmes de ação na televisão. Pit Fighter realmente parecia um filme, mas era eu que controlava os personagens! Na minha imaginação infantil, achei que nada seria igual aquilo.

Pouco tempo depois, conheci Street Fighter II.
Aquele momento sim, mudou tudo pra mim. E claro, meu irmão já tinha jogado, e me levou pra ver.

Tentei aprender o máximo que pude do Street Fighter II. Magias, sequências, artimanhas... Tudo adquirido em horas e mais horas nos arcades, ao longo dos anos, tanto jogando contra o computador, ou nos contras da vida.
Acho que jogava bem, claro que perdi bastante. Se alguém disser "sempre joguei e nunca perdi contras", é mentira. Gamer que se preze perde também. Só que alguns não tem coragem de admitir.

Então, a partir daí, fiquei antenado nos games de luta. Qualquer game que eu visse onde dois personagens trocavam sopapos, já logo parava na máquina.

Muitos anos se passaram desde então. Vi e joguei muitos outros games de luta, tanots em consoles quanto em arcades. Alguns aprendi mais, outro um pouco menos. E dentre eles, um em particular me chamou a atenção. Chamava The King of Fighters.
E eu já conhecia alguns personagens, já havia jogado Fatal Fury e Art of Fighting. Mas nunca realmente "aprendi" de fato jogá-lo.

KoF 97 foi onde aprendi jogar essa série.

Então, no decorrer da adolescência, fiz um amigo, na rua de casa mesmo. E ele também curtia games de luta, e jogava KoF 97 e 98 com uma desenvoltura fora do normal. E ele sim, me ensinou um pouco como se divertir.
Porém, ele não jogava SF muito bem, e eu propus um trato: que ele me ensinasse KoF, e eu ensinaria SF. Lembro que nas casas de fliperama aqui da cidade, sempre compravamos duas fichas: uma para cada título.
E assim passavamos as tardes, nos divertindo.

Em um dia após a escola, em uma dessas casas de fliperama (a conhecida World Game, que sempre foi a primeira a trazer as novidades), havia uma galera em volta de uma máquina nova. Era o lançamento de Capcom VS SNK, o que gerou um grande alvoroço.

Capcom Vs SNK foi uma febre enquanto as casas de fliperama ficaram abertas aqui na cidade.

E os contras dominavam o ambiente. E ninguém sabia muito bem como jogar, com as regras novas de seleção de personagens. Após alguns momentos olhando o gameplay, meu amigo disse:

"- Vamos dividir uma ficha? Acho que dá pra encarar!!"
"- Claro, mas vamos encarar só pelo zoeira mesmo?" - respondi.
"- Que nada! Eu pego o Iori, e você o Ryu! Acho que a gente vai fazer um estrago!"


Naquela empolgação, aceitei. E fazíamos assim mesmo: um jogava com o Iori, outro com o Ryu. E não é que a intuição e conhecimento do cara deram certo?
Apesar das diferenças entre os games, jogamos muito bem com a dupla. Não me recordo exatamente quantas fichas ganhamos, mas foram muitas. Cada golpe bem aplicado pelo parceiro, nos empolgávamos. Batalhas acirradas, batalhas mais fáceis... Passamos por todas as provações e vencemos. 
E fomos pra casa horas depois, rindo e relembrando cada jogada bem executada.

Nunca mais repetimos tal feito. Ou tal parceria. Cada um seguiu um rumo diferente, pouco tempo depois.
A única lembrança que ficou, e que vai ficar, é que naquelas poucas horas que nossa parceria durou, o trato foi selado. E fomos os Reis da Máquina.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Master System: O Amigo Inseparável

Fala galera!

Acredito que todo retrogamer tem seu console favorito. Ou aquele que marcou mais sua vida. Claro, temos aquele (ou aqueles) console que sempre queremos, novos e tal... Mas sempre tem um que deixa aquela "marca especial".

No meu caso, foi um console de 8-Bits.
Adoro o Atari, minha primeira experiência de jogo foi em um desses.
Mas o Master System deixou sua marca na minha vida.
Não sei explicar muito bem porque desse sentimento, mas é um console muito querido por mim.



Me lembro de quando um amigo meu tinha o Master II. E com um monte de jogos. Hoje, esses games são clássicos, e joguei eles em sua época de lançamento. E acho que esse é um dos motivos de eu gostar tanto deste console.

Quando finalmente ganhei um dos meus pais, não pude conter minha alegria. E pra ajudar, tinha "Alex Kidd in Miracle World" na memória, acredito que foi um dos últimos modelos a vir com esse jogo na memória. Os modelos seguintes, viriam com o 1º game do Sonic.

Até hoje essa música da água me deixa sonolento...

Foi bem nessa época que fui frequentador assíduo de locadoras.
Saia na sexta-feira correndo da escola, já passava na locadora (Vídeo Pirata ou a Casa do Vídeo) e escolhia dois games. Tinha todo o final de semana pra jogar!

"Mônica no Castelo do Dragão", "Black Belt (um dos meus favoritos)", "Sonic Chaos", "Ninja Gaiden (animal)", "Jogos de Verão (nem preciso dizer muito...)", "Mortal Kombat", "Masters of Combat"...
Tantas aventuras, sempre procurando em revistas de games (novidade naquele período) manhas e dicas.

Um dos meus games favoritos do console!

São tantas memórias boas. 
Ficava triste quando não conseguia dar final em algum game antes de devolve-lo na locadora. Acontecia de alugar o mesmo game no próximo final de semana.

Alguns anos depois, ganhei um Super Nintendo. Claro, fiquei muito feliz. E não desfiz do meu amigo de 8-Bits. Mas infelizmente, o Master parou de funcionar. E não havia tantas casas especializadas em consertos de console naquela época...
Fiquei muito sentido quando isso aconteceu. Apesar de ter um console de 16-Bits, com seus games revolucionários, o meu camaradinha com metade daquela capacidade me fazia falta.

Mônica em sua aventura mais amada!

Depois de muitos anos, agora casado, consegui comprar outro Master System. Foi como um velho reencontro, um amigo que eu não via a anos. Com uma roupagem diferente, é verdade, mas aquela sensação está lá. Daquele molequinho que passava tardes inteiras em frente a TV, tentando driblar os pais com o dever de casa, pra poder jogar mais um pouco.
E espero que desta vez, ele me acompanhe por anos vindouros, sempre me encantando com sua simplicidade mágica.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Os Famosos "Contra": Aprendizado para a vida

Fala galera!

Desde que inventaram o fliperama com dois controles, o famoso "contra" faz parte da vida de um gamer. Mas foram nos games de luta que o "versus" viralizou.

Jogar contra sempre foi uma arte. Não é simplesmente colocar a ficha, olhar pro cara do lado, e começar a trocar tapas. Envolve toda uma manha, uma catimba, uma particularidade de cada um.

Alguns pedem pra entrar contra. Outros já colocam a ficha. Colocar a ficha sem pedir pode despertar medo ("nossa, o cara deve jogar bem"), raiva ("FDP, queria dar final"), desespero ("porra, vai entrar contra justo quando eu estou com esse personagem que não sei jogar bem") ou indiferença ("dane-se, vai apanhar do mesmo jeito").


O jeito que você acerta a mão no joystick, e pousa a mão nos botões diz tudo. Tudo é observado num "contra" de respeito. Aquela olhadela rápida na mão do adversário. A careta feita pela escolha do personagem do desafiante. E tudo isso num relance, numa fração de segundo. Afinal, é o futuro de sua ficha que está em jogo. E se você apanhar muito, sua reputação também.

É no "contra" que você testa toda sua experiência, horas jogando sozinho, treinando, dando final, lendo as manhas nas revistas, observando outro jogadores. E com o acúmulo de horas em "contras", você fica cada vez mais experiente. Quem só ganha, uma hora perde. Quem só perde... chora e vai pra casa.

Engana-se que um "versus" em casa é a mesma coisa. Jamais.
Em casa, todo confortável, todo acomodado, o peleja nem é levada a sério. É tipo um "contra café com leite". Joga-se, mas não é oficial. É no fliperama que o bicho pega!

Li na revista OLD!Gamer que "o contra era um formador de caráter".
Assino embaixo! Além da experiência, adquire-se malícia. Você aprende a ser durão. Não abaixar a cabeça por qualquer besteira.
Aquele tapa no controle. Aquela frase "NÂO ACREDITO!!". Aquela risadinha irônica. Esbarradas "sem querer". Tudo pra desestabilizar o adversário.

Já perdi tantos "contras". Nossa, muitos mesmo. Algumas que até eu não acreditei. Já perdi jogando com o Ken contra um cara com o Zangief, e só não foi de perfect o 2º Round porque ele defendeu um Hadouken. 
Certa vez, jogando The King of Fighters 97, um cara tirou meu trio inteiro (a saber: Ralf, Yamazaki e Yashiro) apenas com o Chin (aquele velhinho bêbado maldito!!).
Jogando Tekken então, nem se fala. Até aprender a jogar direito, levei umas surras surreais. Eu até cumprimentava o cara, de tanto que ele batia.

Essas coisas acontecem. Normal em um "contra (ou não)".


Eu gostava de jogar contra quem apelava. Já procurava uma máquina com cinzeiro, acendia um cigarro (naquela época podia fumar dentro desses estabelecimentos), e jogava com ele na boca. Quando a apelação começava, a fumaça preenchia o ambiente. Mais precisamente a visão de jogo do adversário. Essa era minha catimba contra os apelões.

Mas já ganhei também. Jogando Mortal Kombat (eu já tinha aprendido bem), tirei quatro fichas de um mesmo rapaz. Ele era bem mais velho que eu, e só jogava com o Sub-Zero. Na quarta ficha, meu amigo pediu "pega o Sub-Zero também!", e eu não quis. Por ser o personagem que eu mais sabia jogar, não achei justo. Logo eu, molecote de tudo, uns 14 anos. O cara ficou doido: "Pega ele sim! Eu quero ver!".
Atendendo a pedidos, joguei com o ninja azul. Depois de mais uma cabeça pra minha coleção, o cara me olha, dá uma risada e diz "moleque, você joga pra cacete! Mas não vai dar final nem fodendo!". E desligou a máquina!
Eu fiquei todo assustado. Ele me chamou no balcão da casa de fliperama, pagou as fichas dele, pagou a minha e me deu outras duas. Agradeci e voltei jogar.

Meu recorde de contras foi no colegial, jogando Street Fighter Zero. Teve reunião de professores, e todo mundo foi pra um boteco na rua atrás da escola, porque lá tinha sinuca e a máquina de SF. Apenas um amigo meu sabia que eu jogava. E o pessoal falou "Aí Marcelo, chega aí pra entrar contra". E esse amigo encorajou. E ria que passava mal.
27 fichas depois, desistiram de jogar comigo. E eu nem jogava tão bem assim. Eram as malícias adquiridas em um longo tempo de fliperamas.

Tenho um amigo, que até hoje não encontrei um cara que joga igual ele. Além de jogar muito (e tem o mesmo nome que eu), é catimbeiro demais. E mesmo perdendo, dá risada. Já tivemos uns contras memoráveis, e foi o cara que mais curti duelar.

Nunca fiz uma contabilização exata, mas acho que entre ganhos e perdas, talvez exista um empate. Ou uma pequena, bem pequena, vantagem dos combates que sai vitorioso.

Mas o importante não era ganhar ou perder. Era a diversão. A brincadeira. A adrenalina. Uma ficha não mudaria nada. Ou mudaria tudo.

Depende do ponto de vista.

Locadoras versus Casas de Fliperama - O Fim da Diversão

Fala galera!

Aqui em Campinas, no final da década de 80 e início de 90, a diversão era garantida.
De um lado tinham as locadoras de filme, que tiveram um "BOOM" em seus negócios, com a inclusão do aluguel de cartuchos de videogame. Algumas foram até além, podendo-se jogar por tempo, no próprio local. E claro, o movimento era intenso.

De outro lado, tínhamos as Casas de Fliperama. Cheio de máquinas, aqueles últimos lançamentos, e fichas baratas, atingiram, pelo menos aqui na cidade, um público mais adulto.

Na realidade, as locadoras de filmes que alugavam jogos (nem todas tinham uma área para os games) e filmes, eram a preferência da molecada. Só na região onde morava, havia quatro locadoras. Eram elas: a "Vídeo Pirata", a mais antiga na área, e que foi a primeira a trazer games de SNES e Mega Drive para locação; a "Casa do Vídeo", que mesmo depois da chegada da era dos 16 bits, ainda tinha uma quantidade enorme de cartuchos de 8 bits; a "Vídeo Gelado", que além de locadora, era uma sorveteria (que diga-se de passagem, tinha um sorvete de flocos delicioso), e a última a chegar, a "100% Vídeo", famosa rede de locadoras. E como bom gamer que se preze, como era menor de idade, meus pais e meu irmão tinham cadastro em todas.

Na sexta feira, ao invés de ir pra casa, escolhia pelo caminho em qual locadora eu iria locar games. Como todos sabem, sexta era O DIA para as locadoras, já que faziam aquelas promoções doidas de alugar duas fitas e devolver na segunda feira (o mesmo valia para filmes). E caso chegasse mais tarde, só alugaria games que já havia alugado antes, ou que não gostava muito.

O mais legal era quando um amigo perguntava "Você que alugou tal jogo, né? O dono da locadora me falou!!", porque ele também queria o mesmo game. Aí a confusão estava armada.
Fazíamos amizade com os donos, que conheciam toda a molecada, e conhecíamos novas pessoas, todas procurando jogos novos, e trocando experiências.

As locadoras que deixavam jogar por tempo, não foram uma moda aqui na cidade. Tiveram algumas, claro, mas nenhuma tinha nome. Eram espaços improvisados em garagens, ou algum local maior, mas nunca tinham nome. Inclusive joguei em algumas delas, mas nunca tiveram um nome, algo que deixasse marcado sua história.


Já as casas de fliperama, essas fizeram um sucesso enorme na cidade. No centro de Campinas haviam três, com duas ruas de diferença entre uma e outra. Eram: a "Sun Games", antiga casa de fliper da cidade. A "World Game", antiga também, e na mesma rua da rival "Sun Games". E a última a chegar, a "Street Games", na principal avenida do centro da cidade. E essa avenida é paralela à rua das duas casas que já citei. E apesar da proximidade, todas viviam cheias.

Você podia reparar, quase não existiam crianças dentro dos locais. Concordo que havia uma restrição de idade, que menores de 12 anos não podiam entrar. Mas era difícil ver alguém entre 12 e 15 anos lá dentro. Existiam, claro, mas não era comum.
Hoje, eu pensando em como escrever esse texto, e me lembro que passei mais tempo em casas de fliperama do que em locadoras. Minha vida de gamer, entre meus 15 e 20 anos, eram: alugar games e jogar em casa, ou jogar no fliperama.

Os arcades eram uma emoção sem tamanho: quando chegava uma máquina com game novo, ou quando alguém entrava contra (isso é uma das coisas mais comuns: algumas pessoas até ficavam esperando alguém jogar só pra entrar contra), e ainda quando você aprendia a jogar de verdade. Foi uma época muito boa, conheci muita gente, era divertido e sadio. 


Mas tudo o que é bom, uma hora acaba.

As casas de fliper sempre foram motivo de briga e discussão. Diziam que os frequentadores não prestavam, que apenas viciados ficavam lá, etc. Claro que naquela época, os frequentadores era diferentes. Mas no final de suas atividades, realmente era isso que acontecia, infelizmente. Os locais eram muito visados, para vários atos ilícitos. Nunca vou me esquecer: estava jogando The King of Fighter 2001, logo que lançou. A polícia entrou no local, pediu pra todo mundo se afastar das máquinas. Revistou todos, retirou dois rapazes do local, provavelmente com drogas. Não foram agressivos, devo ressaltar. Agradeceram e foram embora. Assim como meu trio, logo no começo do jogo. Pensei comigo "não é mais o mesmo lugar". Perdeu o encanto.

Todas fecharam as casas quase na mesma época. Alguns meses de diferença. Pouco antes disso, elas já não traziam mais novidades. Não haviam jogos novos. O pessoal que frequentava, nunca mais voltou, e em seus lugares, apenas pessoas paradas lá dentro, utilizando o espaço para outras coisas. Máquinas vazias. Devo admitir que fiquei triste com isso.

As locadoras foram perdendo espaço para a pirataria. Logo que a pirataria de games começou na cidade, os cartuchos de Nintendo eram os mais pirateados, seguidos pelo Super Nintendo.
Uma locação de cartucho de SNES custava, em média na época, 4 reais. Um game pirata custava entre 15 e 20 reais. Com 5 locações, você comprava um game novo.
Mas o tiro de misericórdia foi quando os games em CD chegaram. A locação e o valor do game pirata era o mesmo. Aí não teve quem aguentasse.

Uma a uma, as locadoras foram fechando. Desfazendo de seus estoques. Claro que comprei games e filmes nessa ocasião, mas parecia que estava perdendo uma parte da minha infância. Outra coisa que não vou esquecer: no momento que as pessoas compravam games e filmes, nenhuma delas estava feliz pelos preços baixos da aquisição. Estavam silenciosos, quase como se estivessem de luto. Quase que prestando suas condolências aos donos das locadoras.

Nos locais onde residiam essas locadoras, hoje, são um pet shop, uma loja de venezianas, uma loja de chocolates. As casas de fliperama, hoje são uma loja de R$ 1,99, uma loja que vende produtos pra musculação, e uma lotérica.

Eu não queria escrever essas recordações com tom de tristeza, mas é meio difícil isso acontecer.
Quem viveu nessa época, jogou em locadoras, casas de fliperama, acompanhou in loco a evolução dos games, tem muitas recordações boas. Ótimas experiências. O final que foi, não triste, mas com aquela sensação de que "não era pra ter sido assim."

Porque aqui em Campinas, na disputa entre Locadoras e Casas de Fliperama, quem ganhou, sem dúvida, fomos nós, os gamers.